CRÍTICA POR FELIPE MORENO
O premiado curta “O Último Dia” traz uma vibrante trilha musical que praticamente se enreda à trama do filme. Isto porque eleva a atmosfera da história a um contínuo clímax, já que o filme também proporciona uma edição “tensa”, com o uso de recursos derivativos do “chicote”.
A história mostra numa linha de ação alguns personagens que se ligam, de alguma forma, a um grupo de extermínio, mas podemos passear pela visão de cada um deles num curto espaço de tempo. Talvez essa seja uma das qualidades do roteiro, que propicia “conhecer” dentro de “frisados takes”, o que cada um deles traz para aqueles momentos repletos de densidade dramática.
O filme tem ainda uma direção impactante e ótima participação do elenco, e não é surpresa que tenha arrebatado muitos prêmios em nossos festivais.
Particularmente, uma das questões do filme que ficou aqui para a minha reflexão foi quando um dos personagens do filme diz, em minhas palavras agora, que “o ódio é a força motriz no homem e geradora das maiores barbáries que ele comete”.
Ok, o filme propõe essa reflexão, do que nos tornamos quando deixamos o ódio sobrepujar nossa tênue humanidade, nossos parcos princípios, ou mesmo os nossos valores que submergem em horríficos pântanos, etc. Tudo isso faz parte da proposta do filme, para que suscite uma reflexão do que podemos nos tornar sob o domínio do ódio.
De outro lado, fica a questão de que precisamos também contrabalancear com temas que aprofundem o conflito do homem que não tenha princípios e valores sedimentados, mas posto em situações de não tanta violência exterior como resultado de “autoviolentação”.
“O Último Dia” nos “tortura” com a violência desmedida comandada por mentes “desumanizadas”, que não têm mais nada em jogo, nenhum um tantinho de arrependimento, de comiseração, de nada. Ali a vida não perdoa, e não há espaço para uma réstia de luz sequer.
Temos uma ótima cinematografia, com artistas e técnicos bastante envolvidos e criativos. Não há dúvida que quanto ao viés recorrente da violência imposta pelo sistema e suas engrenagens despóticas temos um cinema pujante. Na dúvida, assista ao filme abaixo e tire você suas próprias conclusões.